quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O que ficou...

É verdadeiramente indescritível a sensação que tenho ao chegar ao final desta experiência desafiadora. O fato de já ser uma trabalhadora graduada da área da saúde (Fisioterapeuta), com experiência profissional limitada a atuação hospitalar em hospitais de alta complexidade e com excelente infra-estrutura, acredito que seja um desafio a mais, pois me impõe modificar totalmente o olhar sobre o cuidado de saúde. Todas as horas que negociei no meu trabalho para poder estar aqui, valeram muito a pena. Vou lenbrar bem disso nos finais de semana (todos!) de fevereiro que estarei de plantão. O fato de estarmos longe de casa e, portanto, longe da nossa rotina já fez com que respirássemos 24 horas por dia o Sus. Olhares tão diferenciados, pela diversidade do grupo, seja pelo seu curso de origem, seja pelas variadas idades e experiências, isso só agregou. Me sinto uma pessoa extremamente privilegiada por ter vivido tudo o que o Ver-Sus me proporcionou. Muito mais do que uma atividade acadêmica, me agregou como pessoa, por me inserir em realidades tão distantes da minha, por me fazer não ter dúvidas que desigualdades sociais me incomodam muito, por me fazer acreditar que eu posso ajudar nas mudanças necessárias... Além disso, possibilitou que estreitássemos os laços com professores (Izabella, Alcindo, Marilise, Luis Felipe e Bilibio) e conhecessemos pessoas encantadoras como Maria Luisa, Patricia, Rafael e Igor, que nos ajudaram muito em todos os momentos.

Acho que cabe uma análise bem pontual, totalmente pessoal:
- De fato vimos um grande movimento da administração municipal da cidade do Rio de Janeiro para qualificar a atenção básica, não se restringido a estrutura física, mas ampliando o conceito de saúde e pensando em rede de forma integrada;
-  Identificamos grande entusiasmo por parte dos trabalhadores que atuam nestas novas unidades;
-  Porém vi muitos problemas também, principalmente falta de trabalhadores e a pouca integração dos serviços;
-  Lamento que só tenhamos conhecido os novos serviços, sem ter uma idéia da rede como um todo.
-  Fiquei muito intrigada se a melhor saída realmente são as Organizações Sociais no gerenciamento dos serviços de saúde, no caso em questão, atenção básica.Valorizo muito o que vi no Rio de janeiro em termos de serviço e proposta de cuidados, mas  me incomoda pensar que a responsabilidade pela atenção básica, que está definida no Plano Nacional de Saúde como o foco de ação dos governos, que constitucionalmente são os responsáveis pelos cuidados de saúde, esteja sendo delegada a outros.
-  Sei que tenho mais dúvidas que certezas depois desta vivência...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

29/01/2011 - Inauguração Otics Olímpia Esteves



Último dia de atividades do Ver-Sus... Já estou com saaudades!



Neste nosso último dia, atravessamos boa parte da cidade e nos dirigimos a Padre Miguel, na Unidade Olímpia Esteves, para a inauguração de mais um OTICS, sigla de observatório de tecnologias em informação e comunicação em sistemas e serviços de saúde. É mais uma das ferramentas utilizadas pelo sistema de saúde do Rio de Janeiro para disseminação e, porque não dizer, construção de conhecimento. 


http://www.otics.org/otics/

Por mais que já tenhamos circulado por inúmeras Clínicas da Família, esta tem algumas peculiaridades. Sua estrutura é bem mais resistente, pois é de alvenaria; há iluminação natural em todos os ambientes que visitamos; e o melhor de tudo é que nela circulam muitos usuários, hoje, sábado... Esta é uma Clínica que já tem mais de um ano de inauguração e nela tive a impressão que a população já se apropriou desta unidade. Me deixa um pouco mais esperançosa em relação a consolidação destes serviços na cidade.







Espero ter a chance de voltar a estes serviços, dentro de algum tempo, e identificar que se tornaram serviços de excelência, com o atendimento que a população merece e tem direito.  



Grupo de dança de salão da Clínica

Para encerrar, ainda na clínica, fizemos uma breve avaliação do Ver-Sus, com um balanço positivo do evento.



Fomos surpreendidos com um vídeo muito legal elaborado pelo Rafael e Igor, que registraram os melhores momentos do Ver-Sus e os mais, digamos, pitorescos... genial! E agora as despedidas...






Para finalizar, um vídeo de uma música de uma banda gaúcha que eu adoro e que tem a seguinte frase no seu decorrer " foi pouco,  tempo mas valeu, vivi cada segundo..."

27 e 28/01/2011 - Oficina Epi-Info




Estamos praticamente na finaleira do Ver-Sus... A saudade de casa e da família batendo, o cansaço também, mas ao mesmo tempo não dá vontade de ir embora, pois a impressão é  de que se tem muito ainda por ver e que se ficássemos aqui mais um mês, ou dois, o tempo ainda seria insuficiente.




Neste dia fomos recebidos novamente na Prefeitura por Márcio Garcia e sua equipe, formada por um enfermeiro, uma odontóloga e uma farmacêutica para aprendermos como utilizar o software Epi-Info, que é uma série de programas que se utiliza na área da saúde para criar bancos de dados e analisá-los. Trabalhamos em dupla e tivemos as noções básicas de como instalar os programas, criar um banco de dados e posteriormente sua análise. Os professores foram excelentes e extremamente pacienciosos com o grupo, que já estava bastante cansado e com pouca aderência a atividades neste formato a esta altura do evento.

26/01/2011 - Clínica da Família e UPA Rocinha






Esta foto está disponível na internet ( http://www.google.com.br/images ) e achei interessante iniciar este post com ela porque a mesma ilustra uma propaganda para a venda de um imóvel com a seguinte frase: "Casa na Rocinha...em frente ao novo hospital, UPA". Se por um lado a UPA já se tornou um ponto de referência para esta comunidade e pode, inclusive, estar ajudando a valorizar este imóvel, por outro lado torna evidente o desconhecimento sobre qual é o papel da UPA no cuidado de saúde desta população, vide a expressão "Hospital UPA". Não sabemos quem colocou este anúncio, imagino que algum usuário. Porém, em nossas andanças, me chamou muito a atenção que alguns dos trabalhadores também desconhecem os objetivos de cada uma das unidades. Neste dia, por exemplo, um dos agentes comunitários de saúde me falou que o problema maior da Clínica da Família era a falta de especialistas. Aqui dou um exemplo pontual, mas que foi bem frequente.



Conversa com os gestores

O dia de hoje novamente foi muito intenso. No início da manhã participamos de uma roda de conversa com a Enfermeira que faz o papel de "Gerente" de todas as unidades: Clínica da Família, CAPS e UPA. Conhecemos também o Dr. Guilherme, que é o médico que coordena a Clínica e a UPA. Mais uma conversa muito interessante e esclarecedora, hoje centrada em aspectos administrativos, principalmente no papel das Organizações Sociais. Primeiro foram salientadas as possíveis vantagens, que residem principalmente na agilização nos processos de compras e diminuição dos custos, que são maiores quando envolvem o Estado; entretanto, mesmo que não abertamente, surgiram outras questões, tais como o fato das contratações de trabalhadores serem por currículo, sem chances de "qi", segundo a gerente, mas que infelizmente não propiciam que surjam profissionais de "carreira". Perguntamos, diretamente, inúmeras vezes, qual a vantagem que tem as OS ao assumir os cuidados, mas esta questão não foi respondida, o que me deixa cada vez mais intrigada...Aliás, esta é a grande questão... Surgem alguns comentários, tais como que existem cargos para as OSs, com salários bem superior aos de mercado. Um colega, muito observador, perguntou porque todos os condicionadores de ar eram com consumo de energia do tipo "C", que gera alto custo e as escolhas das compras, nos foi esclarecido, ficam a cargo das OSs. Parece que no decorrer do tempo só aumentam as dúvidas...




Ainda pela manhã fomos divididos em 4 grupos; dois foram fazer o cadastramento de famílias subindo o morro; os outros dois grupos permaneceram na Clínica. Meu grupo e eu primeiro acompanhamos o acolhimento realizado pelos agentes comunitários, buscando identificar se conseguiriam fazer um novo cadastramento na Clínica. Tentamos acompanhar a rotina, observar as abordagens e conversar um pouco com os agentes. Nos relatam que a dificuldade de cadastramento se dá, principalmente, pela dificldade de encontrar os moradores em casa ( será que a visita do agente comunitário, em horário comercial é adequada? ). Pergunto sobre capacitações, depois de ouvir algumas colocações equívocadas de um agente e este me informa que só teve quando foi contratado. Educação permante se faz necessário, pois o agente comunitário é a linha de frente deste modelo e , para o seu sucesso, tem que estar muito bem capacitado, motivado e ciente do seu papel no cuidado de saúde desta população. Aliás, sem comentários o valor da sua remuneração...
Almoçamos novamente na Rocinha, no " Cantinho das Baianas". Estava ótimo!!! No turno da tarde tivemos a oportunidade de vivenciarmos o "matriciamento", termos que ouvimos muitas vezes e que era de difícil compressão. Em termos práticos, era uma reunião onde a médica e a enfermeira de uma equipe de estratégia da família obtinham informações e suporte de uma das profissionais do CAPs sobre alguns casos específicos de pacientes. Fiquei um pouco preocupada, pois ficou evidente, mais uma vez que as unidades praticamente somente co-habitam um mesmo espaço físico, com pouca relação entre elas.Se aqui é difícil, imagina pensar em integração de toda a rede... 


Hospital Miguel Couto - www.Google.com.br/imagens


   


Para finalizar o dia, com chave de ouro, Luisa, quatro colegas e eu fomos conhecer o Hospital Miguel Couto. Fomos recebidos pel Enfermeira Telma, que nos apresentou o hospital. A análise fica um pouco restrita ao aspecto físico, pois foi uma visita muito breve. Me pareceu um hospital bastante sucateado, necessitando reparos urgentes. Vimos portas corroídas, paredes descascadas, muita improvisação na acomodação dos materiais. Parece que não há lugar para nada, com macas, cadeiras de roda, ventiladores mecânicos tudo "colocados" nos cantos do hospital. Havia uma quantidade significativa de pessoas aguardando atendimento, de regiões as mais variadas do RJ.

oglobo.globo.com


Na UTI pediátrica fomos apresentados ao caso de uma menina que se mantém hospitalizada desde o nascimento, possivelmente por alguma doença degenerativa, pois está em ventilação mecânica. Não sei nada, absolutamente nada dela, mas fico pensado mais uma vez no trabalho em rede. O contato deste hospital com a equipe de estratégia da família, para uma possível internação domiciliar reduziria custos para o Estado, liberaria um leito disputadíssimo e garantiria um mínimo de qualidade de vida para uma família. Penso também no que ouvi de um médico na Rocinha: para que tu queres conhecer um hospital? são todos iguais...tens que conhecer a atenção básica. Não tenho a mínima dúvida que a atenção básica tem que ser o foco principal de atenção, mas não tem como não pensar nas condições dos locais de atenção de saúde em nível secundário e terciário. Quem vai garantir a assistência ao usuário que não teve seu problema resolvido pela equipe de estratégia da família?

E para finalizar...
Depois deste longo dia, tivemos uma reunião com o Prof. Angelo, Vice-Reitor da UFRGS e um dos Conselheiros do Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre, que vieram para conhecer a dinâmica do Ver-Sus e os serviços. Alunos sem gás...literalmente quebrados!

25/11/2011 - Oficina de Postais


Neste dia, fomos até a Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro para realizarmos uma oficina de postais. Com o cansaço tomando conta, inúmeras atividades pendentes, havia um clima de desconfiança total em relação a esta atividade, que acabou sendo uma grata surpresa. A médica e a enfermeira responsáveis pela oficina a conduziram de uma maneira leve e interativa. Iniciamos com uma dinâmica que consistia em fazermos nossa foto em 3X4 e pontuarmos aspectos nossos desconhecidos pelos nossos colegas.


Minha foto em 3X4
Na sequência, vários gravuras foram colocadas no chão e o grupo, dividido em duplas deveria esolher alguma e posteriormente apresetá-la. Estas gravuras nada mais eram do que os postais em tamanho ampliado. A apresentação resultou em uma discussão sobre aspectos tais como o quanto diferenças étnicas, religiosas, de gênero, entre outros aspectos, conversam ou não com saúde.



No decorrer do dia ainda realizamos outras dinâmicas que tornaram a atividade muito divertida. Divididos em grupos elaboramos propostas de utilização dos postais como recursos de educação em saúde



O grupo mais criativo...e modesto


Silêncio...grupos trabalhando!

Vista da Prefeitura

Entrada da Prefeitura

Para finalizar o dia, mais uma reunião no hotel sobre as nossas vivências. Aliás, reunião com hora marcada para encerrar...atividade cultural depois: ensaio do Monobloco


24/01/2011 - Centro de Apoio Psicossocial da Rocinha



Serviços de Saúde da Rocinha

Depois de um domingo de sol, de folga total para nos reenergizarmos ( na praia )para esta última semana de atividades, nada melhor do que começarmos conhecendo os serviços da Rocinha, mais especificamente o CAPs Rocinha. Esta, por ser uma das favelas mais famosas, faz parte do imaginário, acredito eu, da maior parte dos que estão vivendo esta experiência. Aliás, que experiência! O friozinho na barriga ao adentrar a favela, um certo receio, mas muito inferior a vontade de conhecer o local. Chegamos cedo ao CAPs, que ainda estava com poucos usuários e os Coordenadores também não haviam chegado. Os trabalhadores que lá estavam nos apresentaram a estrutura física e a dinâmica de funcionamento do local.

Recepção do CAPs









Leito para usuários que queiram permanecer a noite








Trabalhos dos usuários


Depois de conhecermos o CAPs, iniciamos uma roda de conversa que inicialmente deveria ser para uma apresentação mais formal do serviço, mas que acabou se direcionando para questões bem mais polêmicas. Surgiram questões tais como a extinção dos manicômios, o grau de resolutibilidade dos CAPs, a inexistência de leitos em hospitais gerais, a questão da dependência química... Foi feita uma revisão histórica,colaborada por várias pessoas presentes,  justificando como se chegou ao modelo assistencial vigente. Enquanto se dava a discussão, me veio a mente o período em que eu fiz minha primeira graduação, Fisioterapia, em Bagé, RS. Naquela época, início dos anos 90, havia uma mobilização  para mudança na área da saúde mental e havia na minha cidade  um grupo multiprofissional muito engajado;  neste grupo, alguns eram  professores e outros alunos de um programa de pós graduação em Saúde Mental Coletiva,   aos quais acabei criando vínculo e participando de serviços coordenados por eles, que funcionava aos moldes dos atuais CAPs; toda esta estória foi para salientar que acredito demais nesta proposta e percebendo a mobilização do grupo do CAPs Rocinha fico muito esperançosa. Aliás, interessante salientar que neste grupo há a peculiaridade de não sabermos quem é quem, aliás quem é o que...todos são responsáveis pela unidade. Tiago, que foi uma das pessoas que mais nos esclareceu sobre o funcionamento do CAPs, até hoje não sei qual é a sua formação. Quanto a frustração do dia, acredito que seja opinião geral o fato de não termos participado da reunião dos usuários, atividade prevista no nosso programa. Aliás, não sabemos nem mesmo se esta reuniao ocorreu e até este momento não ouvimos falar sobre o controle social no município do Rio de Janeiro.







Depois de tanta informação, pausa para um almoço animado na Rocinha. Tarde livre das 14 às 17hs para escrevermos o blog. As 17hs, reunião...balanço parcial do Ver-sus, enfocando acertos e erros, gerando modificações necessárias para seu melhor aproveitamento. Reunião muito produtiva!!

* Dúvida do dia:
E o controle social???

22/01/2011 - Porque hoje é sábado! Oficina de fotografia



Depois de uma semana frenética, de muitas atividades durante o dia, reuniões a noite e quase ou nenhum tempo para produzir o blog, documentários e outras tarefas, merecemos um final de semana mais leve! Apesar de termos compromisso, este foi um misto de compromisso com diversão. Sábado pela manhã, ainda no hotel situado na Lapa, iniciamos a oficina, que foi muito pouco teórica e muito mais prática, primeiro analisando imagens nossas, expostas no blog e sugerindo técnicas para aprimorá-las. Muito produtivo!




O Professor Peter Llicciev, na sequência, nos acomapnhou em mais uma missão: fomos para Santa Tereza testarmos nosso aprendizado. Sua disponibilidade em ajudar-nos conseguindo o melhor posicionamento e suas dicas precisas sobre o que funciona ou não foram excelentes. As fotos (maravilhosas) abaixo fui eu que fiz... Os modelos ajudaram um pouquinho; o Peter também... 














21/01/2011- Oficina Info-Saúde




Depois de sermos liberados ontem as 16hs, algo quase inacreditável, e repormos as energias na praia, estamos pronto para o seguimento das atividades. Hoje retornamos a Fiocruz com o intuito de aprimorarmos nossos conhecimentos na busca de artigos científicos em bases de dados. O objetivo é que tenhamos subsídios para elaborarmos o próximo boletim Info-saúde. Mais um grande desafio! Obviamente que, numa oficina que conta com a presença do Prof. Alcindo Ferla, tem que haver alguma "problematização". Foi bem interessante, pois discutimos o papel destas ferramentas na educação permanente dos trabalhadores de saúde e no papel dos gestores na viabilização de acesso e da busca de capacitação.



Ao término da oficina, permanecemos na Fiocruz definindo linhas de busca de artigos para a elaboração do boletim Info-saúde. O tema geral será "Educação permanente". Foi um momento muito interessante, onde Prof. Alcindo e Maria Luiza Jaeger, ex-Secretária de Saúde do RS,  fizeram uma revisão conceitual do tema.



Dia 20/01/2011 - Visita à UPA Manguinhos

Fonte:dfisio09.blogspot.com


Mais uma oportunidade de conhecermos uma das modalidades de serviços já implantados na cidade do Rio de Janeiro, desta vez uma Unidade de  Pronto-Atendimento (UPA). O reconhecimento do local onde o serviço está inserido já gera certo “burburinho”, por ser o serviço de referência para um complexo de favelas recem  pacificadas. Obviamente, que, por este motivo, mais do que nunca questões sociais vem à tona, com a suspeita pelo grupo que muitos dos atendimentos realizados nesta Upa estariam relacionados à violência, mais especificamente ao tráfico de drogas,  o que não foi confirmado pelos trabalhadores do local. Apesar da Clínica prestar assistência a inúmeras situações de violência, predominam situações de descompensação de doenças crônicas, como hipertensão arterial, doença pulmonar obstrutiva crônica e doenças cardíacas. A UPA Manguinhos faz parte do Complexo de Atendimento à Saúde (CAS) e foi financiado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e fica junto a uma estrutura que envolve escola, ginásio esportivo, centro cultural, prédios de moradia e casa da mulher, sendo que tivemos a oportunidade de circularmos por alguns destes locais.

Conversa sobre a UPA

Na chegada, fomos recebidos pela médica responsável pela UPA, Dra. Valéria, pela Enfermeira líder e também pela Coordenadora Administrativa, que nos apresentaram a Unidade, buscando nos fornecer o máximo de informações sobre a logística e estrutura local.

Conversa com a Dra. Valéria



Em relação a estrutura física, esta unidade segue os moldes da Clínica da Família Hans Dohmann, no bairro de Guaratiba. Porém, ao contrário daquela Clínica, que parecia "desabitada", nesta unidade identificamos inúmeros usuários, mesmo hoje, que é feriado na cidade. Possivelmente isto ocorra porque esta unidade já está incorporada a comunidade, enquanto que a Clínica Hans Dohmann tem apenas dois meses de funcionamento.

Depois do momento mais formal, que envolveu o período da manhã, circulamos em pequenos grupos pela unidade. Visitamos o local de acolhimento, o de triagem de gravidade, os consultórios, farmácia, bem como as salas de observação amarela ( média complexidade ) e vermelha, para pacientes graves, que necessitam ser transferidos.

Ao conversarmos com a equipe, mais uma vez ficam perceptíveis os problemas: emergência odontológica que só funciona nos finais de semana ( agende seu problema ...), falta de integração com a rede básica, dificuldades na transferência de pacientes graves, além de outros. Apontam também que, o objetivo de criação das UPAS, que seria desafogar as emergências, no geral,  não tem ocorrido; referem que as UPAs estão fazendo o papel das unidades básicas ou Clínicas da Família, devido a sua baixa resolutibilidade ou falta de profissionais.

Conversamos também sobre a questão das Organizações Sociais e a forma de contratação dos profissionais. Todos os profissionais contratados são por regime CLT, com contratação por currículo, não havendo nenhum tipo de plano de carreira. Em termos de capacitações, somente os médicos tem um curso pago pela Prefeitura...diga-se Organizações Sociais... Fica claro que, mais uma vez, se mantém as diferenças salariais significativas entre os médicos e os demais membros da equipe de saúde: esta é uma questão de mercado, foi a resposta que ouvimos.

De qualquer forma, tenho certeza que a população local deve estar muito feliz por ter um serviço mais próximo das suas residências, com um local amplo, limpo e que, se ainda não está nas melhores condições de assistência, pode vir a tornar-se muito mais efetivo. Para tanto, me parece que há a necessidade de muito mais investimento nesta área, não somente nestes novos locais que estão sendo criados, mas na rede como um todo. lamento que não tenhamos a oportunidade de conhecermos outros locais além das novas unidades, pois talvez fosse mais fácil para identifcarmos os problemas e desta forma pudéssemos colaborar de uma forma mais intensa na busca de soluções e alternativas.



Obras do PAC
Não tem cono não comentar sobre a visita que fizemos a biblioteca que fica próximo a UPA. Na verdade, é bem mais que uma biblioteca, pois tem acervos de Cds, DVDs, espaços para oficinas de criação...é um verdadeiro centro cultural no meio de um bairro pobre e marcado pela violência. Talvez seja o auge da nossa estadia no Rio e nos agregue mais do que qualquer visita a algum serviço de saúde. Discutimos tantas vezes em sala de aula o que é saúde e aqui temos a possibilidade de conhecer uma diversidade de serviços oferecidos a uma população que podem garantir que estes possam sim vivenciar o conceito ampliado de saúde. Fiquei feliz, muito feliz!


Biblioteca que abriga exposições..


Internet...

Livros, muitos livros...


Eo melhor, do lado de casa...

Espaço para as crianças (?) brincarem...


Ao fundo,  o prédio residencial...