Esta foto está disponível na internet ( http://www.google.com.br/images ) e achei interessante iniciar este post com ela porque a mesma ilustra uma propaganda para a venda de um imóvel com a seguinte frase: "Casa na Rocinha...em frente ao novo hospital, UPA". Se por um lado a UPA já se tornou um ponto de referência para esta comunidade e pode, inclusive, estar ajudando a valorizar este imóvel, por outro lado torna evidente o desconhecimento sobre qual é o papel da UPA no cuidado de saúde desta população, vide a expressão "Hospital UPA". Não sabemos quem colocou este anúncio, imagino que algum usuário. Porém, em nossas andanças, me chamou muito a atenção que alguns dos trabalhadores também desconhecem os objetivos de cada uma das unidades. Neste dia, por exemplo, um dos agentes comunitários de saúde me falou que o problema maior da Clínica da Família era a falta de especialistas. Aqui dou um exemplo pontual, mas que foi bem frequente.
Conversa com os gestores
O dia de hoje novamente foi muito intenso. No início da manhã participamos de uma roda de conversa com a Enfermeira que faz o papel de "Gerente" de todas as unidades: Clínica da Família, CAPS e UPA. Conhecemos também o Dr. Guilherme, que é o médico que coordena a Clínica e a UPA. Mais uma conversa muito interessante e esclarecedora, hoje centrada em aspectos administrativos, principalmente no papel das Organizações Sociais. Primeiro foram salientadas as possíveis vantagens, que residem principalmente na agilização nos processos de compras e diminuição dos custos, que são maiores quando envolvem o Estado; entretanto, mesmo que não abertamente, surgiram outras questões, tais como o fato das contratações de trabalhadores serem por currículo, sem chances de "qi", segundo a gerente, mas que infelizmente não propiciam que surjam profissionais de "carreira". Perguntamos, diretamente, inúmeras vezes, qual a vantagem que tem as OS ao assumir os cuidados, mas esta questão não foi respondida, o que me deixa cada vez mais intrigada...Aliás, esta é a grande questão... Surgem alguns comentários, tais como que existem cargos para as OSs, com salários bem superior aos de mercado. Um colega, muito observador, perguntou porque todos os condicionadores de ar eram com consumo de energia do tipo "C", que gera alto custo e as escolhas das compras, nos foi esclarecido, ficam a cargo das OSs. Parece que no decorrer do tempo só aumentam as dúvidas...
Conversa com os gestores
O dia de hoje novamente foi muito intenso. No início da manhã participamos de uma roda de conversa com a Enfermeira que faz o papel de "Gerente" de todas as unidades: Clínica da Família, CAPS e UPA. Conhecemos também o Dr. Guilherme, que é o médico que coordena a Clínica e a UPA. Mais uma conversa muito interessante e esclarecedora, hoje centrada em aspectos administrativos, principalmente no papel das Organizações Sociais. Primeiro foram salientadas as possíveis vantagens, que residem principalmente na agilização nos processos de compras e diminuição dos custos, que são maiores quando envolvem o Estado; entretanto, mesmo que não abertamente, surgiram outras questões, tais como o fato das contratações de trabalhadores serem por currículo, sem chances de "qi", segundo a gerente, mas que infelizmente não propiciam que surjam profissionais de "carreira". Perguntamos, diretamente, inúmeras vezes, qual a vantagem que tem as OS ao assumir os cuidados, mas esta questão não foi respondida, o que me deixa cada vez mais intrigada...Aliás, esta é a grande questão... Surgem alguns comentários, tais como que existem cargos para as OSs, com salários bem superior aos de mercado. Um colega, muito observador, perguntou porque todos os condicionadores de ar eram com consumo de energia do tipo "C", que gera alto custo e as escolhas das compras, nos foi esclarecido, ficam a cargo das OSs. Parece que no decorrer do tempo só aumentam as dúvidas...
Ainda pela manhã fomos divididos em 4 grupos; dois foram fazer o cadastramento de famílias subindo o morro; os outros dois grupos permaneceram na Clínica. Meu grupo e eu primeiro acompanhamos o acolhimento realizado pelos agentes comunitários, buscando identificar se conseguiriam fazer um novo cadastramento na Clínica. Tentamos acompanhar a rotina, observar as abordagens e conversar um pouco com os agentes. Nos relatam que a dificuldade de cadastramento se dá, principalmente, pela dificldade de encontrar os moradores em casa ( será que a visita do agente comunitário, em horário comercial é adequada? ). Pergunto sobre capacitações, depois de ouvir algumas colocações equívocadas de um agente e este me informa que só teve quando foi contratado. Educação permante se faz necessário, pois o agente comunitário é a linha de frente deste modelo e , para o seu sucesso, tem que estar muito bem capacitado, motivado e ciente do seu papel no cuidado de saúde desta população. Aliás, sem comentários o valor da sua remuneração...
Almoçamos novamente na Rocinha, no " Cantinho das Baianas". Estava ótimo!!! No turno da tarde tivemos a oportunidade de vivenciarmos o "matriciamento", termos que ouvimos muitas vezes e que era de difícil compressão. Em termos práticos, era uma reunião onde a médica e a enfermeira de uma equipe de estratégia da família obtinham informações e suporte de uma das profissionais do CAPs sobre alguns casos específicos de pacientes. Fiquei um pouco preocupada, pois ficou evidente, mais uma vez que as unidades praticamente somente co-habitam um mesmo espaço físico, com pouca relação entre elas.Se aqui é difícil, imagina pensar em integração de toda a rede...
Hospital Miguel Couto - www.Google.com.br/imagens |
Para finalizar o dia, com chave de ouro, Luisa, quatro colegas e eu fomos conhecer o Hospital Miguel Couto. Fomos recebidos pel Enfermeira Telma, que nos apresentou o hospital. A análise fica um pouco restrita ao aspecto físico, pois foi uma visita muito breve. Me pareceu um hospital bastante sucateado, necessitando reparos urgentes. Vimos portas corroídas, paredes descascadas, muita improvisação na acomodação dos materiais. Parece que não há lugar para nada, com macas, cadeiras de roda, ventiladores mecânicos tudo "colocados" nos cantos do hospital. Havia uma quantidade significativa de pessoas aguardando atendimento, de regiões as mais variadas do RJ.
oglobo.globo.com |
Na UTI pediátrica fomos apresentados ao caso de uma menina que se mantém hospitalizada desde o nascimento, possivelmente por alguma doença degenerativa, pois está em ventilação mecânica. Não sei nada, absolutamente nada dela, mas fico pensado mais uma vez no trabalho em rede. O contato deste hospital com a equipe de estratégia da família, para uma possível internação domiciliar reduziria custos para o Estado, liberaria um leito disputadíssimo e garantiria um mínimo de qualidade de vida para uma família. Penso também no que ouvi de um médico na Rocinha: para que tu queres conhecer um hospital? são todos iguais...tens que conhecer a atenção básica. Não tenho a mínima dúvida que a atenção básica tem que ser o foco principal de atenção, mas não tem como não pensar nas condições dos locais de atenção de saúde em nível secundário e terciário. Quem vai garantir a assistência ao usuário que não teve seu problema resolvido pela equipe de estratégia da família?
E para finalizar...
Depois deste longo dia, tivemos uma reunião com o Prof. Angelo, Vice-Reitor da UFRGS e um dos Conselheiros do Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre, que vieram para conhecer a dinâmica do Ver-Sus e os serviços. Alunos sem gás...literalmente quebrados!
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