segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Dia 20/01/2011 - Visita à UPA Manguinhos

Fonte:dfisio09.blogspot.com


Mais uma oportunidade de conhecermos uma das modalidades de serviços já implantados na cidade do Rio de Janeiro, desta vez uma Unidade de  Pronto-Atendimento (UPA). O reconhecimento do local onde o serviço está inserido já gera certo “burburinho”, por ser o serviço de referência para um complexo de favelas recem  pacificadas. Obviamente, que, por este motivo, mais do que nunca questões sociais vem à tona, com a suspeita pelo grupo que muitos dos atendimentos realizados nesta Upa estariam relacionados à violência, mais especificamente ao tráfico de drogas,  o que não foi confirmado pelos trabalhadores do local. Apesar da Clínica prestar assistência a inúmeras situações de violência, predominam situações de descompensação de doenças crônicas, como hipertensão arterial, doença pulmonar obstrutiva crônica e doenças cardíacas. A UPA Manguinhos faz parte do Complexo de Atendimento à Saúde (CAS) e foi financiado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e fica junto a uma estrutura que envolve escola, ginásio esportivo, centro cultural, prédios de moradia e casa da mulher, sendo que tivemos a oportunidade de circularmos por alguns destes locais.

Conversa sobre a UPA

Na chegada, fomos recebidos pela médica responsável pela UPA, Dra. Valéria, pela Enfermeira líder e também pela Coordenadora Administrativa, que nos apresentaram a Unidade, buscando nos fornecer o máximo de informações sobre a logística e estrutura local.

Conversa com a Dra. Valéria



Em relação a estrutura física, esta unidade segue os moldes da Clínica da Família Hans Dohmann, no bairro de Guaratiba. Porém, ao contrário daquela Clínica, que parecia "desabitada", nesta unidade identificamos inúmeros usuários, mesmo hoje, que é feriado na cidade. Possivelmente isto ocorra porque esta unidade já está incorporada a comunidade, enquanto que a Clínica Hans Dohmann tem apenas dois meses de funcionamento.

Depois do momento mais formal, que envolveu o período da manhã, circulamos em pequenos grupos pela unidade. Visitamos o local de acolhimento, o de triagem de gravidade, os consultórios, farmácia, bem como as salas de observação amarela ( média complexidade ) e vermelha, para pacientes graves, que necessitam ser transferidos.

Ao conversarmos com a equipe, mais uma vez ficam perceptíveis os problemas: emergência odontológica que só funciona nos finais de semana ( agende seu problema ...), falta de integração com a rede básica, dificuldades na transferência de pacientes graves, além de outros. Apontam também que, o objetivo de criação das UPAS, que seria desafogar as emergências, no geral,  não tem ocorrido; referem que as UPAs estão fazendo o papel das unidades básicas ou Clínicas da Família, devido a sua baixa resolutibilidade ou falta de profissionais.

Conversamos também sobre a questão das Organizações Sociais e a forma de contratação dos profissionais. Todos os profissionais contratados são por regime CLT, com contratação por currículo, não havendo nenhum tipo de plano de carreira. Em termos de capacitações, somente os médicos tem um curso pago pela Prefeitura...diga-se Organizações Sociais... Fica claro que, mais uma vez, se mantém as diferenças salariais significativas entre os médicos e os demais membros da equipe de saúde: esta é uma questão de mercado, foi a resposta que ouvimos.

De qualquer forma, tenho certeza que a população local deve estar muito feliz por ter um serviço mais próximo das suas residências, com um local amplo, limpo e que, se ainda não está nas melhores condições de assistência, pode vir a tornar-se muito mais efetivo. Para tanto, me parece que há a necessidade de muito mais investimento nesta área, não somente nestes novos locais que estão sendo criados, mas na rede como um todo. lamento que não tenhamos a oportunidade de conhecermos outros locais além das novas unidades, pois talvez fosse mais fácil para identifcarmos os problemas e desta forma pudéssemos colaborar de uma forma mais intensa na busca de soluções e alternativas.



Obras do PAC
Não tem cono não comentar sobre a visita que fizemos a biblioteca que fica próximo a UPA. Na verdade, é bem mais que uma biblioteca, pois tem acervos de Cds, DVDs, espaços para oficinas de criação...é um verdadeiro centro cultural no meio de um bairro pobre e marcado pela violência. Talvez seja o auge da nossa estadia no Rio e nos agregue mais do que qualquer visita a algum serviço de saúde. Discutimos tantas vezes em sala de aula o que é saúde e aqui temos a possibilidade de conhecer uma diversidade de serviços oferecidos a uma população que podem garantir que estes possam sim vivenciar o conceito ampliado de saúde. Fiquei feliz, muito feliz!


Biblioteca que abriga exposições..


Internet...

Livros, muitos livros...


Eo melhor, do lado de casa...

Espaço para as crianças (?) brincarem...


Ao fundo,  o prédio residencial...

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